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O conjunto de desenhos da exposição João Mendes Ribeiro: vinte e dois desenhos abrange um amplo intervalo de tempo, com os desenhos mais antigos, datados de 1983, feitos durante o período de formação de João Mendes Ribeiro no curso de Arquitectura da Escola de Belas Artes do Porto, no âmbito da disciplina de História da Arquitectura Portuguesa. Os desenhos mais recentes são de 2010 e 2011 e referem-se a obras realizadas em Coimbra. O conjunto integra dois tipos distintos de desenho: desenhos de observação de cidades e edifícios e esquissos de projectos de arquitectura e de espaços cénicos. Os desenhos de observação são, naturalmente, os mais antigos. Os mais recentes, e também os mais específicos, são desenhos de projecto. Não obstante o carácter particular de cada um deles, ambos integram de modo muito semelhante uma forma de pensamento ligado ao desenho em que, seguindo uma linha clara e coerente, o desenho de observar para pensar vai dando lugar a um desenho mais concreto e literal, de pensar para construir.
Expor este conjunto de desenhos numa sala do Colégio das Artes, antigo Hospital da Universidade de Coimbra, trouxe o confronto de escalas a partir da qual se pensou o projecto expositivo. A dimensão delicada do desenho, por um lado, e o grande vão do antigo espaço hospitalar, por outro, obrigaram ao exercício do espaço dentro do espaço, do qual resultou uma estrutura expositiva capaz de cintar a grande escala e de a aproximar do observador. Uma estrutura metálica leve suspende os vinte e dois desenhos num recinto circular, fechado por uma cortina branca, invocando a memória do antigo hospital tanto funcional como visualmente: a cortina usada para compartimentar a grande enfermaria em espaços de conforto e intimidade é suportada, em termos visuais, pela aproximação ao universo branco, metálico e asséptico da medicina.
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The set of drawings that integrates the exhibition João Mendes Ribeiro: twenty two drawings covers a wide time frame, with the first drawings, dating back from 1983, made in the Portuguese Architecture History classes, in the early years when João Mendes Ribeiro was still an Architecture student in the Porto Fine Arts School. The most recent ones are from 2010 and 2011, referring to works built in Coimbra. The set comprehends two different kinds of drawing: observation drawings of cities and buildings and project sketches. The observation drawings are, naturally, the older ones. The latest, and also the more specific ones, are the project sketches. Despite the specific nature of each one of them, they all incorporate one same way of thinking through drawing. Following a clear and coherent path, the drawing first made with observation as a tool for thinking, slowly gives place to a more concrete and literal one, made with thinking as a tool for building.
Showing this set of drawings in a large room in the Colégio das Artes, the former Coimbra University Hospital building, introduced the scale confrontation from where the exhibition project was thought. The gap between the delicate dimension of the drawings, by one hand, and the big void of the former hospital room, by the other hand, led to the attempt of creating space inside space. An exhibit structure resulted from this exercise, girdling the big scale and bringing it closer to the observer. This clean and light structure suspends the twenty two drawings in a circular space, enclosed by a white curtain, invoking the memory of the former hospital in both functional and visual terms: the curtain, once used to divide the large ward in smaller, more intimate spaces, is visually supplemented by an approach to the aseptic, white and metallic aesthetic universe of medicine.