Apartment
Estrela, Lisbon – Portugal
Authors
Filipe Fonseca Costa
Estrela, Lisbon – Portugal
Filipe Fonseca Costa
pt
O chalé, ou o lugar escondido.
No fundo do quintal de um típico edifício gaioleiro de finais do século XIX localizado próximo da Basílica da Estrela, descobre-se um chalé encaixado entre o quintal e as copas de um jardim vizinho. A época e o sistema construtivo são os mesmos do edifício que lhe serve de entrada, mas não a escala. O chalé poderia ter sido o anexo das traseiras, mas em vez disso tornara-se na jóia escondida no interior do quarteirão arborizado. Composto por um corpo principal com dois pisos e orientação norte/sul, e por uma ampliação virada a nordeste que roubara parte da área do quintal do prédio, o espaço do chalé, excessivamente fragmentado, já acentuava o seu maior atributo: desde o seu interior, tudo era luz e verde, tudo era silêncio. Os filtros que se sucediam calmamente, entre a rua e o interior do chalé, desde logo deixariam perceber que a intervenção teria de seguir esta ideia de um percurso que afunila num espaço escondido, privado e vertical. Este espaço seria composto por três zonas: uma zona social no corpo principal a sul (aproveitando a demolição de uma antiga marquise para criar um espaço exterior) e que serve de ligação a duas zonas privadas totalmente independentes, uma na ampliação a nordeste e outra no sótão. Como que por uma estranha coincidência, a wishlist da cliente acrescentava mais um filtro a este percurso, no qual a privacidade revestia contornos quase existenciais.
Chegado o fim do percurso, é bizarro ver como tudo mudou.
Mas escondido no interior, tudo continua luz e verde, tudo continua silêncio.
en
The cottage, or the hidden place.
At the back of the backyard of a typical late 19th century caged building located near the Estrela Basilica, there is a chalet nestled between the backyard and the canopies of a neighboring garden. The time and construction system are the same as the building that serves as an entrance, but not the scale. The cottage could have been the back annexe, but instead it had become the hidden gem within the tree-lined block. Consisting of a main body with two floors and north/south orientation, and an extension facing northeast that had stolen part of the backyard area of the building, the space of the chalet, excessively fragmented, already accentuated its greatest attribute: from its interior, everything was light and green, everything was silence. The filters that followed one another calmly, between the street and the interior of the chalet, would immediately made it clear that the intervention would have to follow this idea of a sequence that funnels into a hidden, private and vertical space. This space would consist of three areas: a social area in the main body to the south (taking advantage of the demolition of an old marquee to create an outdoor space) and which serves as a connection to two completely independent private areas, one in the expansion to the northeast and the other in the attic. As if by a strange coincidence, the client’s wishlist added yet another filter to this sequence, in which privacy took on almost existential contours.
At the end of the journey, it’s bizarre to see how everything has changed.
But then, hidden inside, everything remains light and green, everything remains silent.