Apartment

Alcântara, Lisbon – Portugal

 

Authors

BOMO Arquitectos / site

pt

Este pequeno apartamento insere-se num edifício construído em 1962, projectado pelos arquitectos lisboetas António do Couto Martins (1897-1970) e Frederico Henrique George (1915-1994), cujas obras mais significativas serão respectivamente o Mercado de Campo de Ourique (1934), e o Museu da Marinha e Planetário Calouste Gulbenkian (1965), ambas em Lisboa.

Concebido na tradição modernista do “edifício paquete” que procura reproduzir em betão armado algumas das qualidades espaciais e simbólicas daquela tipologia de arquitectura náutica, a circulação faz-se ao longo de galerias exteriores com guardas metálicas, a cobertura é entendida como um grande convés exposto ao sol para usufruto comunitário, a infra-estrutura de águas e esgotos é pragmaticamente distribuída ao longo dos corredores em coretes visíveis e visitáveis.

A intervenção foi pensada nesta mesma tradição, mistura de sonho e pragmatismo, rudeza e delicadeza, desejo de convívio e de reclusão, cela monástica e salão de baile, domesticidade em alto mar.

As alterações introduzidas procuraram acima de tudo maximizar as pequenas áreas do apartamento através da criação de uma nova área social unificada, da qual apenas a casa de banho e o quarto ficam isoladas e resguardadas, onde pessoas, luz e ar podem circular com liberdade.
Para que estes espaços consigam conservar este desafogo e maleabilidade na forma como são ocupados foi criada uma grande área de arrumos sobre uma laje elevada a cerca de meia altura do apartamento, e que alberga também o ramal individual de ligação à referida corete e outros equipamentos, e deste modo permaneçam apenas aqueles objectos e mobiliário com os quais escolhemos conviver.

en

This small apartment is situated in a building constructed in 1962, designed by Lisbon architects António do Couto Martins (1897-1970) and Frederico Henrique George (1915-1994), whose most significant projects are the Campo de Ourique Market (1934), and the Maritime Museum and Calouste Gulbenkian Planetarium (1965), both situated in Lisbon.

Designed within the modernist tradition of the streamlined building, which seeks to reproduce some of the spatial and symbolic qualities of that type of nautical architecture, circulation takes place along external galleries with metallic railings, the roof is conceived as a big sun-exposed deck for communal use, and the water and sewage infrastructure is pragmatically distributed along the corridors in both visible and accessible shafts.

The intervention was thought out in this same tradition, a blend of dreams and pragmatism, rudeness and delicateness, a desire of conviviality and reclusion, a monastic cell and a ballroom, domesticity at sea.

Above all, the changes introduced sought to maximize the apartment´s smaller areas by creating a new unified social area, where only the bathroom and bedroom are isolated and protected, and people, light and air may roam freely.

In order for these spaces to conserve this openness and malleability in regards to how they are occupied, a big storage area was created over an elevated slab, at around half the apartment´s height, also accommodating the individual branch that connects to the referred shafts and other equipment, and allowing us to live solely with objects and furniture we actually choose to.