pt
Dois desejos convivem nos futuros habitantes da casa: manter o carácter e nobreza que naturalmente irradiam da casa burguesa portuguesa e suprir as necessidades práticas de hoje.
Além das carpintarias trabalhadas, frisos ou outros elementos característicos, grande parte da essência reside nas proporções: relações entre janelas e espaço, transições entre espaços através de portas estreitas, articulações que contêm e sugerem esse ‘carácter’ tão apreciado nas casas portuguesas da primeira metade do séc.XX.
Como este, muitos dos edifícios da Lisboa pós Pombalina organizam-se em divisões junto às fachadas e à volta de um saguão, como segunda fonte de luz natural. Esta polarização dos espaços habitáveis obriga à existência de corredores interiores estreitos e escuros, gerando um conjunto altamente subdividido de divisões de pequenas dimensões.
A operação proposta para esta casa subverte esta lógica, deslocando a circulação para o centro (saguão), com mais amplitude e luz natural, e transformando o antigo corredor em antecâmaras que funcionam como pequenos closets para cada quarto. Esta operação permite que os quartos fiquem aliviados da necessidade de armazenamento, e as suas dimensões reduzidas se transformem em espaços desafogados. Junto à sala, uma operação similar transforma o corredor e as pequenas divisões interiores num escritório em permanente contacto visual com a sala.
O resultado descobre novas relações diagonais entre os espaços, aumentando a sensação de amplitude e recebendo sempre luz natural de mais de uma direção. Ainda assim, as proporções originais dos espaços, o seu carácter, está presente na nova distribuição mais livre e aberta.
A cobertura original do edifício, armazém escuro e diáfano, é reorganizada num novo apartamento prático e luminoso. A amplitude do novo espaço comum é potenciada pela introdução de um pátio que tira proveito das vistas desafogadas para a cidade.
en
Two wishes coexist in the future inhabitants of the house, retaining the character and nobility that naturally radiate form the bourgeois Portuguese house and meeting the present practical needs.
In addition to the woodwork, crafted frames or other characteristic elements, much of the essence lies in the proportions: the relations between windows and space, transitions between spaces through narrow doors, articulations that contain and suggest that “character” so appreciated in Portuguese homes from the first half of the 20th century.
As this one, many of the buildings in ‘post Pombalina ‘ Lisbon are organized in rooms along the facades and around a block courtyard, as a second source of natural light. This polarization of habitable spaces requires the existence of narrow and dark interior corridors, generating a highly divided set of small rooms.
The operation proposed for this house subverts this logic, changing the circulation to the center (block courtyard), with more spaciousness and natural light, and transforming the former corridor into antechambers that serve as small closets for each room. This operation allows the rooms to remain free of the need for storage, and its reduced dimensions turn into confortable spaces. On the opposite side of the courtyard, a similar operation transforms the corridor and small interior rooms into an office in permanent visual contact with the living room.
The result discovers new diagonal relations between spaces, increasing the feeling of spaciousness, always getting natural light from more than one direction. Still, the original proportions of the space, its character is present in the new more free and open distribution.
The rooftop, a dark and diaphanous junk room of the original building is reorganized into a new practical and bright apartment. The spaciousness of the new living space is enhanced by the introduction of a patio that takes advantage of panoramic views of the city.