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A aldeia do Troviscal tem ainda um carácter rural. As casas existentes, geralmente isoladas, e muito frequentemente térreas, deixam transparecer os campos agrícolas.
A moradia a recuperar trazia alguma novidade. Talvez não fosse o mais erudito modelo arquitectónico – mas tinha carácter.
Provavelmente construída nos anos 40/50, refletia uma linguagem com referências brasileiras, entre o neo-neo-clássico e o pitoresco, estimulado pelo jardim selvagem e com algumas belas árvores.
O desafio foi identificar o que importava. Reforçar a arquitectura sem lhe retirar a coerência e domar o jardim, sem lhe retirar espontaneidade.
À construção principal agregavam-se infinitas construções menores, que se iam espalhando pelo terreno, e que serviam de apoio às actividades agrícolas.
A primeira decisão, foi isolar a matriz da casa-mãe e trabalhar a partir daí, com a consciência de que seria imperativo introduzir os novos quartos.
Esta ampliação, à qual se junta a pérgula e a garagem, é um corpo volumétrico novo, sem complexos de existência, que procura uma comunhão com a casa-mãe, não por assimilação, mas por continuidade, através do mimetismo interpretativo dos elemementos arquitectónicos identificados como fundamentais:
– A loggia (entrada)
– A sala, com a sua janela octogonal.
Assim, o novo volume encosta-se à casa-mãe e a sua forma reflete o desenho da sala, desta vez em negativo, simbolicamente constituindo a “sala exterior” em continuidade com o jardim, mas que se destaca pela envolvência. Todo o trabalho formal baseia-se em experiências sobre o “arco”, em diferentes geometrias e em diferentes planos.
De certa forma sintetizou-se a linguagem arquitectónica da casa. A cor azul, encontrada nas diferentes camadas do reboco sobrepostas, assumidamente exuberante, tem dupla função: a coerência entre o antigo e o novo, assim como recuperar a sua excentricidade na relação com o jardim e com a envolvente.
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Troviscal village still has a rural character. The existing houses, generally isolated, and very often with a single-storey structure, reveal the agricultural fields.
The house to be recovered, brought something new. Perhaps it was not the most erudite architectural model – but it had a character.
Probably builted in the 40s or 50s, it reflected a language with Brazilian references, between the neo-neo-classical and the picturesque, stimulated by the wild garden and beautiful trees.
The challenge was to identify what mattered. Reinforce architecture without removing its coherence and taming the garden, without removing its spontaneity.
To the main construction were added infinite smaller constructions, that were spread through the land, and that served to support the agricultural activities.
The first decision was to isolate the main bulding and work from there with the awareness that it would be imperative to introduce new rooms.
This extension, to which the pergola and the garage are added, is a new volumetric body, that seeks a communion with the main house, not by assimilation but by continuity, through the interpretative mimicry of the architectural elements identified as fundamental:
– The loggia (entrance)
– The room, with its octagonal window
Consequently, the new volume leans against the main house and its shape reflects the design of the room, this time in negative, symbolically constituting the “outside room” in continuity with the garden, but that stands out from its surroundings. All formal work is based on experiences about the “arc”, in different geometries and in different planes. In a way, the architectural language of the house was synthesized. The blue color, found in the different layers of plaster overlaid, admittedly exuberant, has a double function: the coherence between the old and the new, as well as recovering its eccentricity in the relationship with the garden and the surroundings.