Apartment

Largo do Carmo, Lisbon – Portugal

 

Authors

Aurora Arquitectos / site

pt

Este apartamento faz parte de um edifício que ocupa todo o topo sul do Largo do Carmo em Lisboa. De origem pombalina, tem a particularidade tipológica de conjugar um palacete nos pisos baixos, com luxuosos apartamentos de rendimento nos pisos superiores. Apesar das sucessivas ocupações nos últimos 2 séculos, o interior mantinha grande qualidade espacial, construtiva e decorativa.
O projecto pretende respeitar e valorizar este passado e adaptar o espaço a habitação unifamiliar. Mantém-se a lógica de circulação actual, constituída por dois eixos principais formados pelos corredores e ligação contínua entre divisões. As demolições são diminutas e assumem-se propositadamente “cicatrizes” destas paredes. As portas que se fecham são barradas e pintadas com tinta de parede, como fósseis. Estratégias para conjugar os novos desejos programáticos com a leitura da compartimentação original. Funciona também como um registo, que permitirá que um dia tudo volte ao original.
Os elementos novos são desenhados de forma a não competirem com os antigos. A sua linguagem é contemporânea e propositadamente alienada, distante. Este corte é também uma forma de respeito pelo passado.
Quase invisível, é um exigente processo de restauro utilizando e respeitando as técnicas construtivas originais e elaborados caminhos secretos percorridos por esgotos, ventilação e climatização.

en

This apartment is part of a building that occupies the entire south limit of Largo do Carmo, in Lisbon. Following the principles of Pombaline architecture, it has the particularity to incorporate a small palace on the lower floors and luxury apartments on the upper floors. In spite of the different occupations in the last two centuries, its interior kept a big spatial, constructive and decorative quality.
This project intends to respect and value its past, adapting the space to a single family house. The logic of circulation is maintained, with two main axes formed by the corridors and direct connections between compartments. The demolitions are minimal and their “scars” assumed. Close doors are filled with plaster and painted with wall paint, as fossils. These are all strategies that intend to put together program desires and the reading of the original space organization. It also works as a documentation process, that one day will allow everything to come back to its original state.
The new elements are designed in a way not to compete with the older ones. Their language is contemporary and intentionally distant. This detachment is also a way to respect the past.
There is also an almost invisible but demanding work of rehabilitation, using and respecting the original constructive techniques and complex secret paths used for climatization, sewage and ventilation.